quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Catching Fire (The Hunger Games #2)


Título: Catching Fire (The Hunger Games Trilogy Volume 2)
Autora: Suzanne Collins
Editora: Scholastic
Versão original em inglês
472 páginas, capa mole

Classificação: *** (3/5)

Neste segundo volume da trilogia acompanhamos o regresso a casa de Peeta e Katniss. O facto de se terem mantido ambos vivos é um acontecimento sem precedentes na história dos Jogos da Fome que também é visto por alguns como acto de rebelião . No entanto não se pode dizer que a vida de ambos  tenha regressado à normalidade, para além das suas obrigações protocolares como vencedores e alterações na sua vida pessoal começam a surgir rumores de uma revolta contra o Capitólio. Surge também a comemoração dos 75 anos dos Jogos havendo por isso uma edição especial com novas regras em que ambos se vêm obrigados a participar.
Este segundo livro tem um começo fraco, não havendo nenhum desenvolvimento importante durante muitas e muitas páginas. O triângulo amoroso continua muito presente mas mesmo nessa vertente não há grandes desenvolvimentos. Apenas quando é anunciada a edição especial dos Jogos começa a haver mais acção e intriga na narrativa. O último terço do livro tem um ritmo elevadíssimo que me deixou agarrada ás páginas até chegar ao final, certos elementos são muitíssimo bem conseguidos e existe bastante acção . O final do livro em si é também muito promissor, torna impossível não avançar para o volume seguinte. 
Katniss continua a mostrar-se uma personagem  forte e com um grande instinto de sobrevivência  e espírito de sacrifício mas tem neste segundo volume alguns momentos de fraqueza e falta de controlo. Peeta torna-se também uma personagem mais interessante e com mais protagonismo na história o que me agradou bastante. Gostaria que a autora pudesse fornecer mais detalhes sobre a história de outros personagens, apesar desta história ser contada na perspectiva de Katniss seria interessante saber mais sobre os outros. 
A linguagem continua não muito complexa, certos aspectos, como a geografia de Panem, poderiam estar mais bem descritos para que o leitor pudesse sentir-se mais dentro da história. 
Irei sem dúvida avançar para o volume final da trilogia motivada pelo final emocionante deste segundo livro. 







segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

The Hunger Games


Título: The Hunger Games (Hunger Games Trilogy Volume 1)
Autor: Suzanne Collins
Editora: Scholastic
Versão original em inglês
454 páginas, capa mole

Classificação: *** (3/5)

Ouvi falar pela primeira vez da trilogia Jogos da Fome aquando da estreia do filme através de alguns canais literários do Youtube. Fui ver o filme ao cinema e confesso que não fiquei impressionada e não percebi todo o entusiasmo criado à volta destes livros. Entretanto foram surgindo no mercado mundial inúmeras séries do mesmo género: distopias para um público jovem/adulto (YA-young adult) tais como Divergent, Maze Runner, Uglies entre outras.
 As únicas distopias que já havia lido tinham sido Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e 1984 de George Orwell, livros pesados e marcantes que não podem ser comparados com esta obra.
No entanto a premissa da história sempre me cativou, sempre achei que seria um argumento bastante original se bem desenvolvido, e resolvi então não ter preconceitos devido ao facto de serem livros direccionados para um público mais jovem e julgar os livros por mim própria.
Neste futuro criado por Suzanne Collins a América do Norte foi destruída dando origem à nação de Panem constituída pelo Capitólio e por doze distritos, anteriormente treze mas o 13º foi destruído durante uma revolta. Esses doze distritos são completamente subjugados por esse Capitólio que para relembrar a todos os cidadãos dos distritos o seu poder e dissuadir novas revoltas organiza anualmente os Jogos da Fome, uma espécie de reality show a que todos são obrigados a assistir, em que uma rapariga e um rapaz entre os 12 e os 18 anos de cada um dos distritos são colocados numa arena para lutar até à morte até que haja apenas um sobrevivente. 
A história é narrada a partir do ponto de vista de Katniss, uma jovem de dezasseis anos do distrito 12 órfã de pai que ajuda a sustentar a sua família caçando ilegalmente nas florestas que rodeiam o seu distrito, ela irá juntamente com Peeta representar o seu distrito nesta edição dos jogos. Esta jovem com um forte instinto de sobrevivência terá que conseguir desenvolver estratégias que lhe permitam manter-se viva ao mesmo tempo que tenta manter-se fiel a si própria. 
Acho que este livro aborda temas muito interessantes e muitos apropriados para o seu público-alvo, a exploração extrema da condição humana como forma de entretenimento, as consequências de regimes políticos totalitários e opressores na população e suas estratégias para manter o poder são temáticas  bastante originais embora tenha vindo a descobrir que o livro Battle Royal de Koushun Takami publicado anteriormente também tem temáticas semelhantes.
No entanto tem uma vertente que achei um pouco fraca e demasiado explorada: o romance e o desenvolvimento de uma espécie de triângulo amoroso, apesar de perceber que esta seria uma maneira de cativar mais o público jovem.
Katniss é uma personagem bastante forte, determinada e com valores morais elevados mas por vezes demasiado ingénua, o que não deixa de ser um pouco contraditório. É interessante notar a preocupação dela e do seu par em não se deixarem dominar pelo instinto de sobrevivência e permanecerem fiéis a si próprios. 
A narrativa tem alguns momentos aborrecidos e descrição de situações que se arrastam demasiado, como por exemplo os eventos que antecedem os Jogos propriamente ditos, mas após o início do concurso a narrativa prossegue a bom ritmo. Não é tão gráfico e violento como se poderia supor, tanto no livro como no filme o romance consegue desviar a atenção das mortes que sucedem. Tem alguns episódios comoventes e emocionantes mas não gostei muito das reviravoltas finais no enredo que a autora pretendeu criar. A linguagem não é muito complexa e é um livro de fácil leitura mesmo na língua original. 
Gostei do livro, não o achei excepcional, mas penso que a trilogia tem aqui uma boa base, ficamos a conhecer o ambiente social e político que se vive e curiosos por saber a repercussão que o resultado desta edição dos Jogos da Fome poderá ter em Panem, uma vez que começam a surgir certos rumores sobre o passado e presente desta nação. Certamente continuarei a ler os volumes seguintes. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Ready Player One



Título: Ready Player One
Autor: Ernest Cline
Editora: Crown Publishers
Versão original em inglês
374 páginas, capa dura

Classificação: **** (4/5)

Qualquer retrogamer irá, certamente, adorar este livro. Mas não é preciso ser apreciador de videojogos para apreciar esta história, qualquer pessoa com algum interesse por pop culture irá certamente deliciar-se com as inúmeras referências a filmes, séries, música e livros dos anos 80. Se termos como Dungeons and Dragons, AC/DC, Star Wars, The Goonies, Monty Python, Back to the Future, Tolkien, Philip K. Dick e Kurt Vonnegut vos são bastante familiares e queridos este livro pode muito bem ser do vosso agrado.
No ano de 2044 o planeta Terra encontra-se devastado, uma forte crise energética tornou o mundo um local miserável, muito pouco agradável para se viver e a maioria das pessoas escapa a essa realidade através do OASIS, um jogo online que cria uma utopia virtual na qual as pessoas podem habitar milhares de mundos. 
James Halliday criador deste videojogo, excêntrico multimilionário obcecado por pop culture, morre sem deixar herdeiros mas deixando uma mensagem vídeo que irá lançar toda a gente numa busca por um easter egg  (uma espécie de mensagem secreta) escondido no OASIS. O primeiro a encontrar será o herdeiro de uma formidável fortuna. 
Wade Watts leva uma existência miserável no mundo real sendo o seu único escape este mundo virtual, por isso junta-se à busca planetária pelo prémio, ele e milhões de pessoas dedicam anos a fio a  estudar a obsessão de Halliday para decifrar os seus enigmas. Depois de anos de progressos nulos nesta busca ele irá decifrar o primeiro enigma e reanimar o concurso, no entanto não está sozinho... Durante a sua demanda pelo prémio irá encontrar inimigos, fazer alianças e encontrar muito mais do que meras pistas.
Este livro é puro entretenimento, uma narrativa cheia de acção com vocabulário típico de videojogos, um clássico bem vs mal, sendo o mal uma corporação maléfica que quer encontrar o easter egg para  privatizar e monetizar o OASIS,  em que se espera que o bem saia vencedor. Não esperem personagens complexas nem grandes artifícios narrativos. Pessoalmente adorei este livro, as personagens, as reviravoltas no enredo e as múltiplas referências pop culture. Raramente encontrei quebras no ritmo do livro ou momentos aborrecidos, acção amizade e até romance fazem deste livro um bom motivo para passar madrugadas a ler. Certamente fará as delícias de qualquer apreciador de ficção científica ou de qualquer leitor mais nostálgico. 



  

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pela Estrada Fora


Título: Pela Estrada Fora
Autor: Jack Kerouac
Editora: Relógio D'Água
Tradução: Armanda Rodrigues e Margarida Vale de Gato
333 páginas, capa mole

Classificação: *** (3/5)

"Mas nessa altura dançavam pelas ruas fora, quais fantoches febris, e eu trotava atrás deles, como toda a vida fiz no encalço das pessoas que me interessam, porque as únicas pessoas autênticas, para mim, são as loucas, as que estão loucas por viver, loucas por falar, loucas por serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, as que não bocejam nem dizem nenhum lugar-comum, mas ardem, ardem, ardem como fabulosas grinaldas amarelas de fogo-de-artifício a explodir, semelhantes a aranhas, através das estrelas e, no meio, vê-se o clarão azul a estourar e toda a gente exclama: "Aaaah!""
Pela Estrada Fora, Jack Kerouac

"Pela Estrada Fora" é considerado por inúmeros especialistas como um dos mais importantes de sempre, devido à sua influência em toda uma geração de jovens, a geração beat nascida nos Estados Unidos da América nas década de 50/60. 
Este é um livro de forte inspiração autobiográfica em que, utilizando uma técnica narrativa própria, que o próprio Jack Kerouac apelidou de prosa espontânea, constituída por enormes blocos de texto, o autor descreve as viagens de Sal Paradise (o próprio Kerouac) e Dean Moriaty pelos Estados Unidos da América e pelo México. 
Viagens frenéticas à boleia, festas, álcool, café, tabaco, drogas, sexo e jazz são a vida e a obsessão do carismático Dean Moriaty que fascina o escritor Sal Paradise levando-o a embarcar em alucinantes jornadas através do país em busca de liberdade e "daquilo", algo que não conseguem definir nem compreender mas que procuram incessantemente. 
Devo dizer que ao contrário de gerações e gerações de pessoas não fiquei inspirada a viajar de mochila ás costas por esta história, a falta de escrúpulos e de consideração de certos personagens desagradaram-me, a repetição dos mesmo acontecimentos mas em locais diferentes e os longos blocos de texto corrido cansaram-me um pouco. No entanto reconheço a beleza da descrição de certos locais e a maneira fiel como descreve a mente desta geração beat na incessante busca de liberdade.
Recomendaria este livro a pessoas de espírito aventureiro fascinadas por viagens sem rota definida. 
Esta obra foi adaptada ao cinema em 2012 pelo realizador Walter Sales. 



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Nas Montanhas Da Loucura


Título: Nas Montanhas da Loucura
Autor: H.P.Lovecraft
Editora: Saída de Emergência
Tradução: Sérgio Gonçalves
236 páginas, edição de bolso

Classificação: *** (3/5)

Conheci Lovecraft através dos seus contos de horror publicados pela Saída de Emergência e tornei-me admiradora da sua mitologia extraterrestre muito própria e do seu método único de fazer aumentar a tensão sem saber exactamente porquê, provocando o chamado medo do desconhecido.
Nesta novela, um pouco mais longa do que os seus contos, um geólogo relata uma expedição à Antárctida de modo a tentar dissuadir uma futura expedição. Nessa expedição aconteceram fenómenos aterradores que levaram os sobreviventes ao limite da loucura... Recomendo que futuros leitores deste livro  não leiam a sinopse, iria estragar a surpresa e o efeito do livro... 
Gostei desta história embora a tenha achado um pouco descritiva demais, o narrador descreve certos aspectos várias vezes . O suspense foi aumentando à medida que prosseguia na narrativa mas achei que o final, o clímax da história, deixou um pouco a desejar. O facto de ter lido a sinopse que se encontra na contracapa também estragou um pouco o suspense. 
De qualquer maneira recomendo a leitura a apreciadores deste género literário (e espero que tenham um estômago forte). 


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Agatha Christie - Autobiografia


Título:Agatha Christie-Autobiografia
Autor: Agatha Christie
Editora: Asa
Tradução: Elsa T.S.Vieira
704 páginas, capa dura

Classificação: ***** (5/5)

Não tenho por hábito ler livros de não ficção, aventurei-me neste devido à minha admiração de longa data pela escritora e pelo preço convidativo do livro, confesso que foi uma agradável surpresa.
Ao longo desta extensa, mas nunca maçadora, obra a "Dama do Crime" leva-nos a passear pelas suas memórias numa prosa fácil de ler e em tom de conversa com o leitor.
Agatha Christie começou a escrever estas memórias em 1950 no Iraque tendo concluído cerca de quinze anos depois.
Nascida em 1890 começa por narrar a sua infância feliz em Ashfield, as suas brincadeiras de faz-de-conta, notando-se já desde pequena uma personalidade muito imaginativa. Acompanhamos o seu crescimento, as primeiras experiências amorosas e o primeiro casamento. Agatha Christie é uma dama da sua época, dando muita importância ao casamento e à importância deste na construção da vida de uma mulher. Tornou-se enfermeira voluntária durante a Primeira Guerra Mundial tendo trabalhado na farmácia de um hospital, uma experiência que seria muito útil na construção dos enredos dos seus livros. 
Começa a escrever policiais como que desafiada pela sua irmã, considerada pela família como tendo uma maior vocação literária. Acompanhamos a construção subsequente dos seus míticos personagens Poirot e Miss Marple, dos seus livros e adaptações ao mesmo tempo que vamos avançando nas suas memórias. Depois de passar por um período negro, com a morte de entes queridos e o final do seu primeiro casamento e já com uma filha decide viajar sozinha, embarcando no famosíssimo Expresso Oriente. É no Oriente que conhece aquele que viria a ser o seu segundo marido, o arqueólogo Max Malone que vem a acompanhar em várias expedições arqueológicas. O Mundo atravessa de novo uma grande guerra e a autora torna-se avó, as adaptações das suas obras tornam-se fenómenos de sucesso. 
Esta autobiografia dá-nos um retrato de uma mulher modesta, escrever nunca foi a parte mais importante da sua existência, aliás começou por considerar os seus livros como meras fontes de rendimento extra para obter o que desejava, um dos seus passatempos era escolher e adquirir casas e adorava também o seu carro. Percebemos que nem sempre teve uma vida privilegiada, tendo sofrido desgostos pessoais e algumas complicações financeiras. 
É realmente curioso perceber que embora os seus livros sejam muito conhecidos a nível mundial a sua autora sempre esteve envolvida em mistério, não propositadamente mas devido à sua timidez, esta biografia permite-nos conhecer melhor a vida recheada desta formidável autora. Faleceu em 1976, tendo a sua autobiografia sido publicada postumamente tal como tinha desejado. 
Sou uma grande admiradora dos seus policiais e como tal adorei conhecer a sua vida da forma como o fez, contando o que queria contar de uma forma tão lúcida e confessional. Recomendo vivamente a leitura desta autobiografia, especialmente a apreciadores dos seus livros.

Sinopse: Agatha Christie ficará para sempre conhecida como a Rainha do Crime. Publicada em todo o mundo, os seus livros estão traduzidos para mais de cem línguas e venderam já mais de dois mil milhões de exemplares. Um sucesso à escala planetária, ao qual a autora contrapôs uma vida pessoal envolta em mistério. Mas, embora se tivesse mantido afastada das luzes da ribalta, escreveu secretamente uma autobiografia. Publicada apenas após a sua morte, revelou-se tão fascinante que foi imediatamente considerada a sua melhor obra! Com rara paixão e audácia, Agatha Christie fala-nos sobre a sua infância no final do século XIX, as duas guerras mundiais que testemunhou, os dois casamentos e as experiências como escritora e entusiasta de viagens e expedições arqueológicas, em que participava ativamente com o segundo marido. Uma obra que revela a faca humana e surpreendentemente extravagante por detrás da mais lendária escritora do século XX.